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O UIRAPURU

Antropologicamente falando, sabemos que existe a identidade psicológica   entre os seres humanos , desde os grupos mais primitivos até a população atualmente existente, sobre a face da Terra. Sempre foi uma constante,   entre os habitantes dos diversos grupos   de seres humanos, a preocupação   do que restará após a morte, a   preocupação da   existência de um deus supremo, e a constante busca   sobre as nossas origens e sobre o nosso fim. Foi graças a essa identidade psicológica que a roda tenha sido inventada em diversos pontos da Terra, em diversos continentes, assim como a comunicação pela fala, nos mais diversos dialetos   e por fim os idiomas. Como respostas a tantas indagações sobre o nosso princípio e ao nosso fim surgiram as mais diversas religiões, algumas antropomórficas, dualistas e monoteístas. O dualismo quase sempre se fez presente com um deus do bem e outro do mal.   O primeiro muito venerado o outro muito temido   mas também presente em vários cultos. É sabido que

PINÇA MÁGICA

No emaranhado de problemas do meu cotidiano, sempre sobra um   pequeno espaço de tempo para sonhar, para modificar alguma coisa ou uma reflexão sobre nossa vida. Neste período do ano, por ocasião de festas juninas, quase sempre damos lugar a nostalgia do passado, às vezes recentes, às vezes remotos. Recordamos de um paraíso de obsoletos, de coisas antigas e de ideais e conceitos também ultrapassados. As festas juninas nos fazem lembrar-se de inúmeras coisas que já não servem mais nos dias atuais. Enumeremos nesta lista o forno e o fogão de lenha, o pilão e a mão de pilão, a   chaleira e a garrafa de café, o monjolo e o carro de boi perderam sua significância e utilidades, assim como a fogueira de São João, os pés de moleque, biscoitos e bolo de fubá, os pães caseiros e os inúmeros doces que eram oferecidos em tal ocasião,   não mais representam auspício ao nosso apetite. Ninguém mais quer tomar quentão com gengibre, leite quente com açúcar queimado ou chocolate quente. A cervejinha

CURRAL DE AROEIRA

Tudo em nossa propriedade rural representa o sacrifício de longos anos de trabalho, de dedicação e capricho dos meus pais e meus tios, que sempre lutaram pelo bem-estar da nossa grande Família, habituada a vida sertaneja, aos rigores da vida campesina e as dificuldades do sertão.   A propriedade rural do meu avô era enorme. Após a divisão entre os filhos, meu pai fez de seu quinhão um reduto próspero para a criação e engorda de gado bovino.   Para tal fim, tratou logo de construir um enorme curral, com várias divisões, tronco, embarcador e baias diversas, utilizando mourões e tábuas de aroeira maciça, retiradas nesta mesma propriedade. Este curral é mais velho que eu. Ele faz parte das minhas lembranças   de criança, de jovem e do mundo adulto. Sempre estive lá, vendo meu pai tirar o leite das vacas, marcando o rebanho inteiro, vacinando ou castrando bois. Quando garoto, com meu irmão mais velho, aprendemos a laçar e a lidar com o gado, sempre com a orientação do pai que adorávamos

DESISTIR NUNCA.

   Sempre gostei desta frase. Quando dita, parece trazer um novo ânimo para a superação de um problema   ou a transposição de certo obstáculo. Parece ser a ponta da esperança que deve ser renovada ou um bálsamo para a alma enfraquecida em determinada batalha. Em meio a conturbação do mundo e dos dias atuais, parece ficar meio sonsa, vazia e desastrosa. Às vezes fico pensando se não é mais uma bobagem dos ditos populares. Sinceramente falando eu ando desistindo   de quase tudo que me rodeia. Já desisti, por completo, da política, desisti de acreditar   em tantas coisas que antes, me pareciam verdadeiras e promissoras, entidades como   Igreja, Congresso Nacional, Tribunal Superior da Justiça, todos os Magistrados   e a própria Justiça, não contam mais com minha crença. Desisti por completo em times de futebol, já pouco crente em solidariedade humana, palavra empenhada e tantas outras coisas foram ficando pelo caminho da minha desistência. Hoje só me resta uma certeza, a gente nunca p

TROCA-TROCA.

Meu amigo e vizinho de quarteirão, chamado Ariosto, homem   bom, honesto, trabalhador, volta e meia tem problemas com seus familiares. Alguns dias atrás, após seu filho de apenas oito anos, cometer grave desobediência, deixou-o meio perplexo e muito surpreso. Pelo mau comportamento do filho, desobediência, falta de educação, quis dar uns puxões de orelha no moleque, chegando a tirar a cinta e ameaçando-o de algumas cintadas no lombo. Bastou tal tentativa e com palavras ríspidas seu moleque lhe fez a seguinte advertência: faça isso, rele em mim, puxa minhas orelhas ou me torture com sua cinta que lhe mando para a cadeia. Eu sei onde fica o conselho tutelar, vou lá presto minha queixa, mostro as marcas de maus tratos e você está ferrado. Ameaça feita por um garoto de oito anos ao seu pai que apenas pode fazer a seguinte consideração. Garoto esperto, vou esperar que o mundo o eduque melhor que eu. Vou continuar, como pai a lhe dar proteção, alimentação, vestimentas, todo o básico para

ORVALHO

O   orvalho é uma espécie de chuvisco, de chuva fina, leve, miúda, quase imperceptível, que ocorre pela manhã, à noite e principalmente na madrugada.   Ele é fruto do vapor de água da atmosfera que se deposita em gotículas sobre   superfícies horizontais e resfriadas.   Esta é uma definição bastante simplista de um fenômeno meteorológico que ocorre na Natureza e em nossa Terra. Para mim, orvalho é mais que isto. Quando volto a minha mente para o passado, vejo o orvalho como caminho das lembranças, depositário de inúmeras recordações. Quando criança, o orvalho molhava meus pés, pelos pastos, pelas invernadas, atrás   dos animais ou das vacas para a ordenha, em manhãs frias e ainda escuras da vida nos sítios e fazendas. Também molharam meus pés no caminho da escola, pois naqueles tempos não havia transporte de alunos, por condução regular como acontece atualmente. Quando jovem o orvalho molhou o meu corpo inteiro, em muitas   noite e madrugadas, pelas ruas da cidade, frequentando bai

O MELHOR POSSÍVEL

“ SE VOCÊ NÃO PUDER SER UM PINHEIRO NO TOPO DA COLINA,   SEJA UMA PEQUENA ÁRVORE NO MEIO DO VALE, MAS SEJA A MELHOR ÁRVORE À MARGEM DO REGATO... SE NÃO PUDER SER ÁRVORE, SEJA UM RAMO.     SE NÃO PUDER SER UMA RAMO, SEJA UM POUCO DE RELVA E DÊ ALEGRIA AOS QUE PASSAM NO CAMINHO. NÃO PODEMOS SER TODOS COMANDANTES; TEMOS QUE SER SOLDADOS. MAS HÁ UM LUGAR PARA TODOS NÓS.     EXISTEM GRANDES E PEQUENAS OBRAS. E SEMPRE HÁ UMA TAREFA QUE DEVEMOS REALIZAR. SE NÃO PUDER SER UMA ESTRADA REAL, SEJA UMA SIMPLES VEREDA. SE NÃO PUDER SER SOL, SEJA UMA PEQUENA ESTRELA, MAS SEJA A MELHOR QUE LHE FOR POSSÍVEL”.